sexta-feira, 29 de março de 2019

Captação de  Margarida

É um homem do(s) olhar(es) e das palavra(s). A sua grande paixão, hoje, é a fotografia (a preto e branco). É um (…) compulsivo e apaixonado fotógrafo da vida, do quotidiano, do trabalho, dos lugares, de Lisboa e do Tejo, do seu país, das suas gentes… - In blog Luís Graça e Camaradas da Guiné, 2015

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(...)  um observador atento, sensível, habituado a ver para além da superfície das coisas..-  João Soares, in Eram Margens da Minha Cidade, 2001

                                        

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Algumas das fotografias a preto e branco de Renato Monteiro remetem-nos para  essa imagem estereotipada do cigano pobre e marginalizado. Mas não é intenção do autor reforçar o preconceito. Ele limitou-se a fotografar - em diversas épocas e lugares - a realidade que se lhe apresentou, interpretando-a sempre com uma grande delicadeza de aproximação ao sujeito. Em nenhum destes fotografados há sombra de incomodidade ou de constrangimento. Por vezes, alguma timidez ou um pequeno espanto. Mas sempre uma grande dignidade, de quem assume a sua condição de cigano. O que, aliás, é comum entre as pessoas da etnia, pois é uma forma de resistência  à segregação provocada pela cultura dominante. -José Luiz Fernandes in Intervir com arte, 2017


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Renato Monteiro ilustra, particularmente bem, o pensamento seguinte , de Marcuse; "a arte faz inevitavelmente parte do que existe e só como parte do que existe fala contra o que existe... Esta contradição é preservada e resolvida na forma estética, que dá ao conteúdo familiar o poder de afastamento... e leva ao aparecimento de uma nova percepção". -   José de Freitas Diogo, 2003 


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Natural do Porto, viveu em Lisboa. A par da carreira de professor de História no ensino secundário dedicou-se, a partir da década de 80, a projetos fotográficos centrados na vida quotidiana em espaços citadinos ou rurais. Em Lisboa, fotografou áreas que foram submetidas a reconfigurações urbanísticas, como a erradicação dos bairros de barracas da Musgueira e da Quinta Grande, a metamorfose ocorrida na zona oriental destinada à Expo 98, ou a Ribeira das Naus. Prosseguindo com um projeto sobre o rio Tejo, procurou fixar da nascente à foz os diversos aspetos identitários, geográficos e humanos. Expôs com regularidade  e publicou álbuns: "Metamorfose", Exposição Mundial de Lisboa, 1998; Olhar a Obra, in "Estação do Oriente", Centralivro,1998; "Eram Margens da Minha Cidade", catálogo da exposição nos Paços do Concelho de Lisboa, 2001;" Luz", álbum e exposição na galeria da EDIA, Beja, 2002; "Artes do Mar", edição da Junta de Freguesia da C. da Caparica e exposição no Convento dos Capuchos, 2005. Outras exposições: "À Luz da Memória", Monsaraz, 2003; "Ciganos do Sul", Padrão dos Descobrimentos, 2008, "Metamorfose", Ministério das Finanças, 2008; "20 sentados 28 de pé", Galeria da Colorfoto, 2012.